sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Raul Seixas.

Raul Seixas era um filósofo antes de ser um músico. Se fosse apenas músico, não se diferenciaria muito de Sílvio Brito. É claro que, se fosse apenas filósofo, não se diferenciaria de qualquer louco loquaz comum e ninguém prestaria atenção nele. É a combinação de uma percepção original (e às vezes genial) do mundo, aliada à sua capacidade de transformar isso em música (e letra) que faz de Raul Seixas um personagem fundamental da cultura brasileira. Sei que neste NÃO muito se falará das qualidades artísticas de Raul Seixas, de modo que vou tentar me concentrar em seus postulados filosóficos.
Talvez a melhor maneira de compreender Raul Seixas seja através da leitura de "O outsider", do inglês Colin Wilson (um autor, aliás, que merece ser redescoberto). Quase tudo o que se conta no livro sobre Nijinski, Van Gogh e Dostoiesvski aplica-se perfeitamente à vida e à obra de Raul Seixas. O "outsider" (tentei fazer uma tradução, mas não consegui) é aquele cara que "vê" o mundo de uma maneira diferente. Ele tem a capacidade de enxergar coisas que o cidadão comum não enxerga. Ele desvenda a superestrutura da sociedade; ele consegue achar os nexos lógicos da vida onde os outros só vêem o caos.

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